domingo, 20 de junho de 2010

O tempo que não lhe pertence

Lá fora o sol quente já brilha. È meio da manhã quando ele abre os olhos, ainda cansado e dorido de mais uma noite mal dormida. Com relativa indiferença ao belo dia que vê lá fora, veste-se e dirige-se à porta para o primeiro cigarro do dia, que fuma sem satisfação. O sabor amargo e nauseante que lhe invade a boca fá-lo mais uma vez perguntar-se porque nunca conseguiu largar aquele vício, mas depressa abandona essa reflexão e dá a última passa antes de atirar fora a beata. Ainda meio atordoado, fecha a porta e dá um breve sorriso. Hoje não terá que trabalhar, nem ter que lidar com todo o stress que o trabalho acarreta e que o deixa completamente doido todos os dias, roubando-lhe quase a totalidade do seu precioso tempo. Hoje ele descansa, por isso hoje é o dono do seu tempo.
Quase por impulso liga a televisão e senta-se no sofá, onde se espoja com a maior das descontracções. Depois de cinco minutos de zapping compulsivo, conclui que não será o televisor a escolha mais acertada para hoje. Lá terá de ir mais um cigarro, então…
Aproveita então para comprar o jornal, para se por a par das notícias do dia. Mais uma má opção. Em todas as páginas encontra o mesmo de todos os dias: guerra, crime, corrupção, crise económica, desemprego, temperadas com as inevitáveis páginas de desporto e notícias inconsequentes sobre a vida das celebridades. Desiludido, amarrota o jornal e lança-o no caixote do lixo, antes de dar um último gole no café e voltar para casa. Pelo caminho lembra-se de ir ligar o computador, para ver se haveria algo de novo, ou se alguém lhe havia mandado notícias. Com ânimo redobrado, acelera o passo até casa e dirige-se ao quarto, onde o computador permanecia inactivo há já quase uma semana. O cansaço e a falta de paciência assim o haviam obrigado. O som de arranque do computador quase que se tornara relaxante naquele momento. Era agora que o dia iria começar a mudar para melhor.
Bastaram alguns cliques em meia dúzia de sites que visita frequentemente e uma rápida vista de olhos pelo e-mail, para o seu ânimo cair por terra novamente. Uma semana passara e nada de novo. Continuava tudo na mesma. Ninguém o havia contactado, nem sequer para um simples “Olá, tudo bem?. Adeus.”. Mais uma vez, instala-se o desapontamento, mas desta vez seguido por um sonoro berro de frustração em frente ao monitor. Talvez um pouco de música ajude…
Quase por instinto, faz uma playlist, que vai ouvindo enquanto tenta buscar no Google algo que lhe desperte o interesse , busca essa que se torna infrutífera, pois a sua mente está em branco e completamente desprovida de ideias interessantes. Um mundo inteiro de conhecimento a um clique de distância, e ele sem saber sequer por onde começar. Típico. Talvez mais um cigarro o inspire.
Chega a hora de almoço. Ele olha para a refeição à sua frente e suspira levemente. Não sente vontade de comer, mas depressa a devora, não por fome, mas por uma simples questão de hábito. O ritmo frenético que lhe é imposto todos os dias raramente lhe dá tempo para apreciar a comida, algo que era impensável há alguns anos atrás, pois a comida era um dos seus maiores prazeres. Acabada a refeição , acende mais um cigarro enquanto se dirige mais uma vez ao café. Pelo caminho aproveita para tentar mais uma vez a sorte no Euromilhões, na esperança improvável de ser esta semana que arrecadará o chorudo prémio, que daria o gigantesco impulso à sua vida. Já com o boletim na mão, sonha com o que poderia fazer com tanto dinheiro, e sorri com ironia. “Pois, isso está mesmo para acontecer.” , pensa ele enquanto degusta o café, olhando de relance para o televisor, onde o noticiário repete as mesmas notícias que lera anteriormente no jornal. É de novo hora de ir para casa.
A tarde passa a um ritmo lento , quase exasperante. De vez em quando ele olha para o telemóvel, quase implorando para que tocasse, algo que não acontecia há semanas, com a excepção da ocasional chamada por razões profissionais, as quais ele odiava. Cansado do irritante silêncio vindo do aparelho, por momentos sente o impulso de ligar para alguém, mas detém-se logo de seguida. A sua disponibilidade não era sinónimo da disponibilidade dos outros. Lá por ter tempo livre e nada que fazer, não implicava que os outros não tivessem os seus próprios afazeres e compromissos. Tinha saudades dos tempos em que quase não conseguia dar vazão às solicitações dos seus amigos, em que o tempo quase não chegava para todos, mas que se conseguia espremer para não desiludir ninguém. Eram sem dúvida outros tempos, outras responsabilidades . Mas tudo isso mudou, talvez para sempre.
A onda de nostalgia que o atingiu tinha deixado marcas. Deu por si de novo em frente ao computador, mas desta vez limitou-se a fazer mais uma playlist com músicas desses tempos e simplesmente se recostou a ouvi-las. Não sabe porquê, mas algo o levou a fazê-lo recordar tudo o que passara nesses tempos, todos os bons e maus momentos, todos os sorrisos de alegria, mas também os esgares de raiva e frustração após cada obstáculo que não conseguira ultrapassar. Foram tempos frenéticos e conturbados, mas que o tinham feito crescer por dentro, transformando a tímida criança que fora em tempos no adulto que era agora. Tinham sido mesmo bons tempos…que não iriam voltar. E desde então nada na sua vida havia mudado, tudo teimava em parecer igual, como se tivesse congelado no tempo.
Foi esta ideia que o consumiu durante o resto do dia, drenando-lhe qualquer resto de boa-disposição que pudesse ter sobrado. O facto de ter tido o dia só para si já não parecia ter importância. Não tinha feito nada significativo dele, de qualquer maneira. Melancólico, devorou o jantar de uma assentada e agarrou-se a um livro, na esperança de que este lhe conseguisse abstrair deste pensamento, mas em vão. Pôs o livro de parte e acendeu mais um cigarro, enquanto fazia mais um zapping pelo televisor. Nada.
Decidiu então ir dormir. O sono tardava em chegar. O pensamento não o abandonara. Três horas haviam passado e ele ainda não havia conseguido pregar olho. Cansado de se revirar na cama, levantou-se e saiu para mais um cigarro. “Maldito vício”, pensou ele, “se ao menos não fosse tão relaxante, parava já.” . Depois de uma longa e demorada inalação no cigarro, quase como se respirasse fundo para tentar recuperar o fôlego, descartou a beata e voltou para a cama. O cigarro tinha dado resultado, deixando-o mais descontraído. Ainda antes de fechar os olhos, olhou para o telemóvel deixado à cabeceira, mas depressa se voltou para o lado oposto e pensou antes de adormecer: “Amanhã vai ser igual.”

domingo, 21 de março de 2010

O ciclo renova-se...

É verdadeiramente curioso constatar que a nossa vida se baseia numa infindável cadeia de ciclos. Escrevi este poema há anos atrás,como favor a um amigo, que queria impressionar uma rapariga com as suas "aptidões literárias", mas que não tinha absolutamente jeito para a poesia. A muito custo, lá lhe fiz o favor, mas tive que superar a maior dificuldade de todas: como escrever um poema sobre alguém que nem conhecia,e que de forma alguma poderia sequer nutrir nenhum tipo de sentimento?
A resposta para este dilema surgiu quando me veio à mente a imagem de alguém por quem nutro um carinho bastante especial, mas que, por ironia do Destino sou forçado a manter esse mesmo carinho encarcerado dentro de mim, o que me mantém preso num perverso ciclo vicioso de alegria e desilusão. Depois disso as palavras fluiram livremente.
Passados tantos anos, essa imagem tão inspiradora voltou a povoar noite e dia o meu pensamento e levou-me a revisitar este poema, que decidi partilhar. Novamente o ciclo renova-se...


Despertares Ocultos


Sob a terna luz das estrelas eu desperto,
De um sonho que não consigo descrever
Por meras e banais palavras, tão ocas e vãs,
Que tão frequentemente uso para descrever a realidade.
Realidade, tudo aquilo que me rodeia e me sufoca,
Lugar onde toda a luz do meu ser se apaga,
Lugar onde te encontras tão perto, no entanto tão longe,
Ó guardiã da luz que ilumina o mais sombrio dos meus dias,
E aquece a mais fria das minhas noites.
Tal como a Lua, inóspita e sem brilho, me sinto
Quando não sinto a tua presença.
Pois como ela, que necessita do Sol para resplandecer
No céu nocturno, que por tantas vezes contemplo
Eu preciso de ti para não cair no sombrio abraço do esquecimento.
Para mim tu és o Sol que faz renascer a Lua que há em mim,
Graças a ti todo o meu mundo resplandece e brilha,
Fazendo com que toda a Criação pareça sorrir
Como que banhada por um oceano de alegria,
Que lentamente erode as praias da tristeza e pesar.
Por tudo isto te agradeço, nesta amálgama de palavras e pensamentos
Saídos do mais íntimo do meu ser, do meu coração.
Em ti eu me descobri e secretamente despertei
Para um sonho do qual jamais quero acordar.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Para quê???

“Good guys always finish last.” . Traduzindo livremente, significa que os bons acabam sempre a perder. Nas últimas semanas este é, sem dúvida alguma, o mote que dita o ritmo da minha vida. Por muito que faça para ajudar alguém a sair de uma situação complicada, ou a resolver qualquer tipo de problema, aparece sempre algo pior que não só destroi tudo o que fiz anteriormente, como ainda consegue agravar ainda mais a situação. Parece frustrante? Acreditem , é mesmo.
Este estado de permanente infortúnio tem posto em sérias dúvidas o meu tão vincado sistema de valores, que practicamente me obriga a pôr o bem-estar dos outros à frente do meu, negligenciando de practicamente tudo para que aqueles cuja felicidade devo protejer se sintam seguros e felizes. Nã o é justo que mesmo depois de tanto sacrifício, tanto sofrimento e tanta provação ainda não ter merecido, no mínimo, um momento de paz. Será que terei feito algo de tão mau no passado, para que tudo isto me esteja a acontecer agora? Não creio que seja esse o caso, pois em 28 anos de vida nunca desejei mal algum seja a quem for, nem tampouco o pratiquei. Sempre fui educado para fazer sempre o que era correcto, nem que isso significasse perder algo. Nunca roubei nem enganei ninguém ,por isso o pouco que tenho de meu foi comprado com o suado produto do meu trabalho, mas mesmo assim há quem ainda cobice e questione onde fui obter as minhas posses. Apico-me a fundo no meu trabalho, mesmo não gostando dele, sacrifico a minha já fraca vida social e familiar para que possa cumprir com o meu dever, mas mesmo assim não obtenho nada que recompense todo esse esforço, tendo ainda que ouvir comentários infelizes de quem não se esforça minimamente para cumprir com o seu próprio dever. Nem no campo sentimental me livro deste maldito ciclo, pois embora nunca me tenha envolvido com ninguém com más intenções e ter dado tudo o que podia dar de mim, acabei sempre por perder tudo e magoar-me dos modos mais brutais.
Tendo tudo isto em conta, como poderei eu ter algo mais para dar? Como poderei eu ser capaz de continuar a tentar a ajudar tudo e todos, quando o que recebo em troca é sofrimento? Sinceramente não consigo responder a estas questões. Acho que talvez devesse adoptar a postura da maioria das pessoas, que defendem apenas os seus próprios interesses, sem ligar às cosequências que isso possa ter nos que os rodeiam. Ou talvez tivesse que me tornar em alguém que utiliza os outros como ferramentas para atingir os seus fins, e que depois se descarta delas como se fossem lixo. Por muito mais que tente , não me consigo ver nesses papeis, mas cada vez mais sou forçado a concordar que apenas estas criaturas ignóbeis conseguem sobreviver neste mundo cão, que abandonou todos os princípios.
A solução que, embora não sendo de todo a mais correcta, é ainda a mais honrada de todas parece ser ceder à frustração e raiva acumuladas ao longo de todos estes anos,libertando-as numa purificadora onda de sangrenta vingança que se abateria sobre todos os que atentaram sobre mim e os meus entes queridos. Só assim saberia que esses vermes nunca mais fariam mal a ninguém. A única coisa que me impede de fazê-lo é o facto de saber que as consequências deste acto tresloucado iriam causar o maior dos danos, e que iriam ditar o último acto de vitória aos meus algozes, pois nesse momento nada mais restaria para ser salvo, ficando destruído para sempre.
Para a maioria das pessoas, este texto será só mais um desabafo de um Zé-Ninguém descontente com a vida, mas para aqueles que realmente me conhecem, verão nele muito mais que isso. E para os vermes que referi anteriormente, encarem-no como um sério aviso, pois irei enfrentar-vos a todos até ao meu último fôlego e nunca vos deixarei vencer, nem que isso me custe a vida.
Sem mais nada para acrescentar , só me resta então esperar que o próximo post seja de um tom um pouco mais leve e de leitura mais fácil. Ou não…

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Autómato

Mais um dia começa. E com ele começam também o infindável e tortuoso conjunto de rotinas que sou obrigado a cumprir, como se de uma obscura penitência se tratassem. Desde o meu primeiro momento consciente, até ao momento que fecho os olhos para adormecer, todos os meus gestos e acções são guiados por algo que não consigo compreender, mas que por pura conveniência, apenas chamo hábito.
Tudo o que faço me parece mecânico: o caminho que todos dias percorro de casa para o trabalho e do trabalho para casa, sem por uma única vez enveredar por uma rua diferente, a constante repetição das mesmas tarefas, cronometradas ao segundo, o “bom dia” que se solta num tom monocórdico quando me deparo com mais uma centena de caras desconhecidas, mas que sou forçado a cumprimentar com a maior das cordialidades, como se de membros da família se tratassem. Esta última rotina, em particular, é a que mais me custa a suportar, pois quase me obriga a praticar algo que em toda a minha vida odiei - o cinismo. Em outras circunstâncias, a muitas dessas pessoas nem dirigiria uma palavra sequer, quanto muito esboçar um sorriso (algo que também não pratico com frequência, verdade seja dita), só que naqueles momentos tenho que pôr de parte aquele que sou e tornar-me algo que seja mais agradável a quem me dirijo, mesmo que lhe nutra um ódio visceral. Se isto não é cinismo, não sei o que seja.
Esta teia de rotina já chegou mesmo a envolver a minha própria vida pessoal. Todos os dias chego a casa e faço sempre as mesmas coisas, às mesmas horas, dia após dia, ano após ano. Parece que entrei num “loop” temporal, que me obriga a viver sempre o mesmo dia, vezes e vezes sem conta. Até seria preferível que assim fosse, pois não sentiria o alarmante ritmo do tempo a esvair-se cada vez mais depressa ao compasso do relógio. Nem mesmo nos poucos momentos de lazer que me são permitidos consigo escapar ao automatismo que me persegue: vou aos mesmos sítios, ouço as histórias que já ouvi inúmeras vezes, vejo as mesmas caras, ouço as mesmas músicas vezes e vezes sem conta. E no final de tudo, sinto sempre o mesmo pesar ao saber que o novo dia traz ainda mais rotina…
Por um único dia que fosse, gostaria de poder libertar-me desta inexpugnável e sufocante prisão de pequenos hábitos e rotinas, de poder realmente saborear a vida na sua plenitude, sem necessidade de planear cada passo a cada segundo, em suma, deixar de pura e simplesmente existir e começar a VIVER.
Embora este texto tenha um toque mais pessoal do que aqueles que costumo escrever (encarem-no como um desabafo, se preferirem),penso que ele reflecte uma grande parte das pessoas em geral, que se encontram presas às suas rotinas , muitas vezes contra a sua vontade, seja por responsabilidade ou obrigação pessoal. A todas essas pessoas desejo que encontrem aquilo que procuram, para que finalmente possam ser livres para viver.

domingo, 24 de maio de 2009

Amargo adeus


Hoje é um dia triste. Mais uma boa alma se foi deste mundo. è com amargo pesar que escrevo estas linhas,não só para prestar uma última homenagem a tão nobre ser, mas tambem como forma de ter a oportunidade de manter a sua memória viva, nem que seja só neste mundo virtual. Esta homenagem pode parecer disparatada e sem sentido para a maior parte de vós, mas para mim significa muito mais do que possam imaginar.
O meu primeiro momento consciente de hoje foi marcado pela voz chorosa da minha mãe ao telefone, a dar-me a notícia de que a nossa gatinha Ninja tinha falecido. Morreu após uma noite passada na clínica veterinária, na primeira vez que esteve separada de nós desde que veio para a nossa casa, há oito anos atrás.

Mais do que um simples animal de estimação, a Ninja era um membro da família. Criámo-la desde bebé, vimo-la crescer, aprendemos a vê-la como se fosse um de nós. Para mim era como se fosse uma irmã mais pequena, e sinto a perda dela como tal. Ela esteve presente em todos os momentos marcantes da vida familiar nos últimos anos fossem eles de alegria ou tristeza, sempre com a sua presença invulgar, que quase parecia humana. Nos momentos mais tristes, quase que posso dizer que ela sentia a nossa tristeza, porque olhava para nós fixamente, como se tentasse perguntar o que se passa, e depois sentava-se ao nosso colo para que lhe fizéssemos umas festas. Parecia que queria dizer "Estou aqui amigo. Não consigo falar contigo, mas estou aqui para te fazer sentir melhor.". Esta ligação era ainda mais forte com a minha mãe, porque passava todo o dia em casa com ela, era a sua única companhia quando a casa estava vazia. Lembro-me uma vez de ter entrado em casa e ver a minha mãe a chorar, e a seu lado estar a Ninja a lamber-lhe as lágrimas do rosto. Não houve palavras no mundo para descrever aquela imagem, que guardo até hoje.

Mas, apesar de todo o carinho que ela me deu ao longo destes anos, não pude estar lá na altura em que ela mais precisava. Estava tão embrenhado na minha vida que não pude estar lá para a acompanhar nos seus últimos momentos. Sei que o estar presente não iria evitar a sua morte,pois não havia nada a fazer para a salvar, mas sinto que era o meu dever estar lá, nem que fosse só para que soubesse que estava a seu lado, que partilhava o seu sofrimento e que não a iria deixar morrer sozinha. Mas infelizmente foi assim que morreu.

O que se passou hoje foi uma autêntica chamada à realidade, pois levou-me a recordar que a qualquer momento podemos perder os nossos entes mais queridos, e não podermos estar lá para dizer adeus, só porque estamos tão assoberbados em cumprir obrigações, horários e outras coisas inúteis, que no fim nada significam. O que torna isto tão frustrante é que só nos lembramos disso quando finalmente perdemos alguém, e voltamos de novo a esquecê-lo quando a dor da perda se desvanece. è verdadeiramente triste que tudo seja assim.

Obrigado por tudo o que fizeste por nós, Ninja, e obrigado pela lição que hoje me fizeste aprender. Nunca te esqueceremos. ADEUS . :(

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Aos amores impossíveis...


Minha Rainha

Aprisionado estou num reino de solidão,
Feito de trevas, desespero e horror
Tão gélido por nele não encontrar o teu calor
Calor tão terno, que aquece meu frio coração.

A tua ausência dilacera o meu pensamento
Como o mais afiado dos punhais,
Afoga minha alma num mar de tormento
Mar revolto pelo mais violento dos temporais.

Quando sinto tua presença, te sinto junto a mim
O meu soturno mundo sorri, repleto de sentimento
Meu coração rejubila com alegria sem fim
Silenciando meu sofrido lamento.

Junto a ti tudo parece belo, imaculado, divino
E a eternidade torna-se um mero segundo
Em ti revela-se o meu glorioso destino:
Governar a teu lado o meu pequeno mundo.

Mesmerizado pelo teu olhar meigo e mágico
Entrego-me a fantasias, a um sonho eterno
De que sou acordado por um pensamento trágico
Que de novo faz arder minha alma no Inferno.

Pensamento que me retorna á cruel realidade,
Realidade em que meu sonho nunca nasceu,
Que me faz ver a mais dolorosa verdade
Vivo no teu coração, mas ele não é meu.

Nesse fatídico momento percebo que a luz no teu olhar
Não é o sol do meu céu, nem nunca o poderá ser,
Que no meu pequeno mundo nunca irás reinar
Porque eu te perdi mesmo antes de te ter.

E é com pesar que te vejo mais uma vez partir
De regresso ao teu mundo, aos braços do teu senhor.
Pelo teu regresso esperarei, para mais uma vez sorrir
Para mais uma vez te ver, meu eterno amor.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Silêncio

Quotidianamente definimos silêncio como a total ausência de som em determinado local. A sua presença é sinónimo de calma, de serenidade e de ordem. No entanto, nem sempre é assim, pois como todas as coisas no mundo, o silêncio pode trazer um sem número de malefícios e consequências nefastas.
O isolamento é, para nós, uma das mais graves consequências do silêncio. Quantas vezes já nos encontrámos em situações em que precisamos de ouvir aquela palavra de amizade, de encorajamento, ou até mesmo de carinho, mas não existe ninguém para as proferir? Nesse momento somos quase como alguém que se perdeu no deserto, cuja única coisa que consegue quebrar o silêncio são os seus próprios gritos de aflição e desespero, que mais ninguém pode ouvir.
Existem também aquelas alturas em que realmente desejamos desesperadamente dizer algo que nos vai na alma, mas por várias razões somos forçados a remeter-nos ao silêncio, quer seja para não ferir terceiros, ou porque pura e simplesmente temos medo das palavras que vamos dizer. É sempre duro nunca podermos dizer o tão sentido "Amo-te" aquela pessoa especial, sabendo de antemão as terríveis consequências de o dizermos, perdendo assim uma hipótese de alcançarmos a felicidade. Assim como é igualmente doloroso não podermos manifestar o nosso mais aceso ódio por alguém que odiamos visceralmente, assim permitindo que esse mesmo ódio nos revolva nas entranhas para sempre. Nestes casos em particular o silêncio é sinónimo de caos, uma vez que obriga a contermos na nossa mente um sem número de sentimentos e ideias num estado de permanente conflito, que desesperadamente tentam sair da sua prisão. Este tumulto interno é de uma intensidade e violência tão intensas, que o efeito que pode ter em nós é verdadeiramente devastador, pois vai corroendo aos poucos a nossa sanidade, podendo levar-nos a comportamentos completamente erráticos e despropositados, ou em casos mais extremos, à loucura. É, sem dúvida, a mais devastadora das consequências do silêncio, pois pode significar a nossa destruição.
Perante estas duas situações que acabei de descrever, muitos terão razões para as temer, pois já passaram ou estão actualmente a passar por elas. Muito provavelmente ainda andam a procurar formas de saírem delas, mas sem sucesso. A todas essas pessoas desejo boa sorte, mas peço a todas elas que retribuam o mesmo desejo, para que juntos consigamos finalmente soltar o grito que quebre de vez o silêncio que nos aprisiona a todos.